Sunday, February 1, 2009

Concluindo sobre a India

Fim da nossa estadia na India, faltava apenas pegar o ultimo trem de Jaipur a Delhi e curtir uma espera de 10 horas no aeroporto. Pensamos que seria um bom momento pra comecar a planejar nossa viagem na Tailandia e tb dar um update no Blog (estamos tentando fazer isso ha uns 3 dias).

Well, o trem foi razoavelmente tranquilo, encontramos um taxi que nos levou pro aeroporto bem facil. Quando chegamos no aeroporto, descobrirmos que soh poderiamos entrar no terminal de partidas 3 horas antes do voo. A pessoa que eh responsavel pela entrada do aeroporto nos apontou para o Visitors Lounge que apesar de ficar fora do aeroporto parecia ter tudo que precisavamos (comida, internet, cadeira).

Agora um aviso! Ao leitor que desejar continuar, fique claro que esse texto nao eh sobre o aeroporto ou sobre o que fizemos no aeroporto mas sobre algumas observacoes que fizemos sobre um pais que eh visto como uma grande potencia economica, um dos BRICs. Vai ser chato pra alguns, talvez mais interessante pra outros…

O que acontece eh que o Visitors Lounge eh dividido em duas partes: a parte dos restaurantes com precos muito caros pra pra populacao local (ateh pra brasileiro) e uma parte com cadeiras pras pessoas sentarem. Essa segunda parte eh cobrada a 30 rupias por pessoa (lembrando que uma refeicao de um Indiano tipico custa em torno de 5 rupias).

O resultado disso tudo eh que uma serie de pessoas que planejam sua viagem com antecedencia, ja que vivem num pais onde o sistema de transporte publico nao eh confiavel (pode atrasar bastante), ao chegarem cedo no aeroporto nao encontram uma opcao de local para esperar seu voo. Como as opcoes oferecidas sao caras, elas acabam sentando no chao ao redor do terminal. Portanto ateh o aeroporto eh rodeado de gente sentada, jogando cartas ou vendendo um refresco ou olhando a massa.

Ao terminarmos a refeicao ficamos batendo um papinho e olhando o staff do local. Assim como todos os lugares que passamos na India, estava claro que havia muito mais pessoas do que o necessario para a realizacao das atividades de cunho laboral. Ao nosso lado assistimos uma apresentacao de como se utilizar um aspirador de po (Isso mesmo, aquela maquina que como o nome ja diz, aspira po e algumas vezes, nas versoes mais modernas, agua) que durou cerca de 2 horas e meia. 7 pessoas assistiam com interesse e pediam para testar a utilizacao da maquina. Impressionante.

Tentei procurar internet e nao consegui achar nada. Tentei entrar no terminal de chegadas mas, alem de custar 80 rupias, a pessoa que vendia os tickets de entrada nao estava lah entao nao era possivel entrar. Ora essa, se eu fosse um pai, um marido um avo que nao ve a sua filha, esposa, neta a um tempao e ela esta pra chegar em dez minutos, alem de ter que pagar pelo privilegio de estar no portao de desembarque, nao poderia assim o fazer pois a pessoa responsavel nao la estava.

Voltei meio frustrado pro Visitors Lounge, mas pensei comigo que frustracao faz parte do dia a dia da India entao nao deveria me importar muito.

Sentei com a Ticka e decidimos comecar a ler sobre a Tailandia. Passado mais um tempo, um dos funcionarios que estava em treinamento se aproxima e pede para levar nosso carrinho de bagagem para uma area especialmente designada para carrinhos de bagagem que ficava de um dos lados do restaurante. Nao gostei nem um pouco da ideia de ficarmos longe da nossa bagagem entao nos mudamos pra perto da area referida. Mais outra ideia bem contraprodutiva (por favor, leia-se idiota).

Todos os carrinhos de bagagem de todas as pessoas ali sentadas foram entao empurrados para esse local. O resultado nao poderia ser outro: alguns carros ficavam inacessiveis pois estavam bloqueados por outros e quando alguem tentava tirar o seu carrinho, invariavelmente tinha que mover outros carrinhos e em algmas vezes esse movimento de carrinhos resultava em uma mala sendo movida para fora de um carrinho. Isso sem mencionar o risco de seguranca - nem todas as pessoas conseguiam ficar proximas a essa area portanto suas malas nao estavam ao alcance delas todo o tempo.

Quando finalmente chegou a nossa hora de poder entrar no aeroporto, movemos uns 5 carrinhos para alcancarmos o nosso e fomos felizes por estarmos finalmente saindo do Visitors Lounge.

Ao chegarmos na entrada do terminal uma mocinha pediu pra ver nossos tickets, escreveu um ok e permitiu nossa entrada. Andamos algo como 5metros e um militar estava lah a postos na entrada do aeroporto checando nossos passaportes e tickets tambem. Entramos, fomos ateh o check in e lah, 4 pessoas nos atenderam: uma mocinha nos entregou uma ficha de saida para ser preenchida e dada para imigracao, um atendente que estava de peh ao lado do guiche de check in falou alguma coisa que eu nao entendi, o rapaz do check in pediu nossos tickets e passaportes e um senhor atras dele cuidava de colocar as etiquetas em nossa bagagem. Cada guiche de check in tinha 4 pessoas.

Recebemos nossos bilhetes de voo e fomos diretamente cruzar a seguranca para sentarmos proximo aos portoes. Para resumir essa parte, basta dizer que nossos bilhetes e passaportes foram checados por 6 pessoas diferentes, algumas delas posicionadas cerca de 5 metros de uma outra. Nossos bilhetes foram carimbados umas duas vezes tb.

Fomos ao duty free, compramos umas coisinhas e esperamos pela chamada do voo. Infelizmente, como o aeroporto nao foi construido de uma maneira muito eficiente, todas as pessoas que estavam neste lado do aerporto podiam escutar todas as chamadas de todos os voos ao mesmo tempo. Eh como se todos os portoes do aeroporto estivessem localizados bem proximos. Alem disso, cada chamado era repetido pelo menos umas tres vezes em ingles e em hindu entao nao preciso nem dizer que eram uma especie de pandemonio feiral, com chamados acontecendo a todo tempo.

Tivemos tambem a honra de observar algumas pessoas trabalhando, como o segurador de aspirador de po e seu assistente, o passador de aspirador de po ou como o abridor de vitrina de oculos escuros, profissoes bem estabelecidas na India.

Quando nosso voo foi finalmente chamado, passamos por mais 3 checks de bilhete e passaporte (um deles conduzido pela autoridade militar portando um rifle da epoca da guerra da Coreia) e finalmente chegamos ao aviao e fomos recebidos pelos super sorridentes, gentis e ateh agora sensacionais thais.

Aproveitei o tempo da viagem para refletir um pouco sobre a experiencia na India, fiquei pensando bastante como um pais tao pobre, tao nao eficiente poderia ser uma potencia. Ja fui para outros lugares onde a mao de obra eh muito barata, como a China, a Mongolia e o Egito e nao vi tanta ineficiencia. A Tiana sugeriu algo que por enquanto tenho como a mais provavel razao: o fato de que na India uma grande parcela da populacao sabe falar ingles. Isso conseguiu atrair investimentos internacionais e criacao de empregos. Mas ficou claro tb que esses investimentos nao estao gerando melhorias ao pais mas provavelmente caindo no bolso de muito poucos que nao estao interessados em nada a nao ser nas suas contas bancarias.

Tudo o que foi visto no aeroporto me deu a impressao que cotas de empregos foram estipuladas a empresa que operacionaliza o aeroporto. Por isso tantas pessoas trabalhando em empregos que nao sao necessarios.

Saimos da India aliviados. A experiencia foi muito interessante e de certa forma enriquecedora mas sem duvida nenhuma precisaremos de alguns dias se nao meses para absorver esses 8 dias de India.

2 comments:

  1. Li atentamente a esse post..e fiquei a cada linha tentando visualizar tudo..foi uma experiência muito gostosa..imaginar como é o assistente do cara q aspira o pó!
    E as pessoas ao redor do aeroporto esperando horas para poder entrar..que loucura..acho q so na India!
    Super experiência em dulpa dinamicaa..estou ansiosa por fotos da Taii uhuu!!

    beijoo grande

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  2. Tickinha amada, li o post inteirinho e como os email da Paty fui mentalizando e imaginando tudo!
    que loucuraaaaa
    só estou sentindo falta de mais fotinhos por aqui...

    beijo grande e cheio de saudades!!

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